Tuesday, May 8, 2012

As palavras - Eugênio de Andrade



São como um cristal, as palavras. 
Algumas, um punhal, um incêndio. 
Outras, orvalho apenas. 
 Secretas vêm, cheias de memória. 
Inseguras navegam:
 barcos ou beijos, as águas estremecem. 
 Desamparadas, inocentes, leves. 
Tecidas são de luz e são a noite.
 E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. 
 Quem as escuta? 
Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?

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Tuesday, May 8, 2012

As palavras - Eugênio de Andrade



São como um cristal, as palavras. 
Algumas, um punhal, um incêndio. 
Outras, orvalho apenas. 
 Secretas vêm, cheias de memória. 
Inseguras navegam:
 barcos ou beijos, as águas estremecem. 
 Desamparadas, inocentes, leves. 
Tecidas são de luz e são a noite.
 E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. 
 Quem as escuta? 
Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?

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