Certa vez acompanhei uma enquete de valor intelectual zero, mas curiosa: o entrevistador perguntava para as pessoas qual era, na opinião delas, a melhor parte da relação sexual: o antes, o durante ou o depois? O antes teve alguns votos, principalmente das mulheres.
A importância das preliminares foi exaltada e muitas disseram que, não fosse o antes, não haveria o durante. Nada a acrescentar. Mas, como era de se esperar, foi o durante que ficou com o título de grande atração do embate amoroso.
A maioria deu seu voto para o apogeu da relação, aquele momento em que se perde a noção do tempo e do espaço, e tudo o que se quer é ver estrelas, mesmo que sejam quatro horas da tarde.
Contestar, quem há de?
Se fizéssemos uma enquete entre nós, aqui no fórum, o resultado seria idêntico.
Antes e durante iriam competir pelo título, com larga vantagem você sabe pra quem. Posto isso, o debate conduz para a seguinte pergunta: como convocar o depois a participar dessa briga?
O depois é o lanterninha por vários motivos: porque as pessoas preferem adrenalina ao relaxamento, porque depois é a hora do sono, do ronco, e para desespero dos antitabagistas, do cigarro.
Porque depois é preciso procurar onde estão as roupas, porque depois o lençol fica todo amarfanhado, e os cabelos idem. Porque depois a cabeça lateja por causa dos drinques ingeridos antes e o cansaço toma conta por causa do que aconteceu durante.
Depois é o fim.
Como recuperar esse caso perdido? Há quem defenda a etapa final, dizendo que é maravilhoso quando, após o orgasmo mútuo, o casal dorme abraçadinho, embalado pelo prazer da missão cumprida.
Que é depois que se fazem as maiores declarações de amor, que é depois que a plenitude é alcançada, que o carinho fica terno, que o desejo dá lugar à suavidade.
Vão mais longe: que depois é a hora mágica dos cafunés.
Bendito os que atingem esse Éden, pois na maioria dos casos, o depois é a hora mágica dos que mal podem esperar pelo momento de ficar sozinhos.
A única vantagem do depois é que, depois dele, começa tudo outra vez.
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