Imagine que você está indo para o trabalho num dia de chuva e trânsito e o pneu do carro fura. Qual é a sua reação? Se fosse homem, é bem possível que soltasse um palavrão e, em seguida, trocasse o pneu ou chamasse o borracheiro. Já a mulher tende a ser mais dramática e menos prática diante de um contratempo, afirma a psicóloga Marilda Lipp, diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress e professora da PUC de Campinas (SP). Autora de uma pesquisa sobre como homens e mulheres reagem a uma situação estressante, Marilda concluiu que eles são mais objetivos. “A mulher usa mais a emoção, e o homem a razão.” A chave da diferença está nos hormônios. Para o médico homeopata Silvio Laganá, diretor da clínica Aspin, em São Paulo, especializada no tratamento multidisciplinar do stress, “o comportamento do homem é mais agressivo por causa da testosterona. Ele luta. Já a mulher é mais defensiva por causa do estrogênio. Ela foge”, explica. Não dá para generalizar, claro. Pois, além de hormônios, temos também história e cultura influenciando nossas ações. As atitudes herdadas dos tempos da caverna, porém, ainda hoje se refletem no cotidiano. Assim, se está muito nervosa, a mulher tende a desabafar e/ou chorar (mesmo que seja sozinha, no chuveiro). Já o homem prefere mecanismos que o ajudem a extravasar, como o esporte, o sexo, a música. Com isso, eles realizam uma espécie de catarse e se recuperam rapidamente para a próxima luta. Seguem algumas receitas masculinas para despressurizar.
Pegar mais leve
"Problemas? A melhor forma de resolvê-los é com uma boa risada. Claro que a minha profissão ajuda. Sou palhaço, faço os outros rirem, mas, antes de mais nada, tenho que achar graça de mim mesmo, dos meus erros, da minha imperfeição. Trago isso para o cotidiano e funciona."
LUCIANO BORTOLUZZI, 41 ANOS, PALHAÇO, ATOR E PRODUTOR, DE SÃO PAULO
Vira e mexe, as mulheres reclamam que os homens são infantis e não levam nada a sério. Mas será que, em algumas situações, essa não é mesmo a atitude mais sábia? O ato de rir, por si só, ajuda a espantar a tensão porque aprofunda a respiração e descontrai a musculatura. Conseguir notar o lado cômico ou absurdo da vida mostra que é possível ver uma situação por ângulos diferentes. “Relativizar os problemas diminui o sofrimento”, afirma Marilda. “Vale a pena tentar resolver as crises sem remoer as dificuldades.” Para Laganá, não levar a vida a ferro e fogo aumenta nossa resiliência – a capacidade de suportar pressão. Essa é uma qualidade decisiva para nossa saúde, pois, como lembra o médico, “o stress é o limite de tolerância de um material antes da sua ruptura”. O humor e a leveza garantem o jogo de cintura e ajudam a gente a não “quebrar”.
Fazer sexo
"Quando fico muito estressado, procuro logo minha noiva. Ela sabe como me tirar do inferno e me mandar para o céu em minutos. Não tem nada melhor do que sexo para relaxar."
RODRIGO LUIZ DE JESUS, 27 ANOS, DONO DE CONSTRUTORA, DE SÃO PAULO
Marilda Lipp concorda: “O retesamento da musculatura causado pelos estímulos sexuais é aliviado com o orgasmo, que elimina toda tensão física e mental”. Mas, se por acaso você anda tensa porque brigou com o namorado, a masturbação é igualmente eficaz para relaxar, segundo Laganá. Do ponto de vista biológico, essa sensação de bem-estar e prazer intenso é causada pela endorfina e pela serotonina, liberadas durante a atividade sexual – com ou sem parceiro.
Ouvir música
"Minha rotina é desgastante. Por isso, carrego sempre um MP4 na minha mala e não abro mão da música, principalmente quando estou no trânsito. O efeito é relaxante."
LUÍS GUSTAVO DE OLIVEIRA, 25 ANOS, ANALISTA DE DEPARTAMENTO PESSOAL, DE SÃO PAULO
Homens e mulheres gostam de música. Mas, entre eles, muitos são aficionados: sabem tudo do assunto, colecionam vinil ou informação sobre todas as tecnologias novas para garantir um bom som. E essa paixão os protege de um ataque de nervos. A música é uma linguagem universal e, dizem os especialistas, tem mesmo poder de tranquilizar a mente. “Isso acontece porque todos os nossos pensamentos são administrados pelo cérebro. Com a cabeça ocupada pela melodia, nos esquecemos dos problemas”, afirma Marilda. Esse esquecimento temporário vale por uma trégua – às vezes, tudo de que precisamos para não explodir nem deprimir. E ganhar força para seguir na batalha. De acordo com Laganá, os sons lentos, que evocam as batidas do coração, são calmantes naturais. Se a ideia for extravasar, porém, cantando e pulando, também valem os ritmos mais acelerados, como rock, axé e música eletrônica. Experimente o que funciona para você.
Suar e gritar
"Trabalho em uma área em que tudo tem que ser exato e há muita competição. Saio do escritório explodindo e libero a tensão fazendo força na academia. Fico renovado após uma sessão de musculação."
DOUGLAS DE OLIVEIRA BATISTA, 30 ANOS, ENGENHEIRO MECATRÔNICO, DE SÃO PAULO
Segundo Laganá, os exercícios fazem o cérebro produzir mais serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. Para aproveitar esses benefícios, não é preciso exagerar. O que importa é manter uma atividade física regular. “Bastam 20 minutos de caminhada, três vezes por semana”, recomenda. Além de despressurizar, também é antidepressivo.
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