(...) As épocas que desejo, as épocas que venero, as civilizações que admiro são aquelas em que o lado bom da natureza humana pode desdobrar-se em sua plenitude. São aquelas civilizações que criam para o homem todas as possibilidades de ele provar que foi feito à imagem de Deus, e não aquelas que só lhe exploram a cobiça, a paixão do poder, a hipocrisia, a fraqueza, o medo, a pusilanimidade. Entre umas e outras nenhuma natureza bem dotada pode hesitar. Só se comprazem com as últimas as naturezas enfermiças, os ressentidos, os pintores de cartões postais, os escribas, os pequenos artistas malogrados, os perdidos para a capacidade de amar e de admirar, que buscam no nivelamento compulsório e disciplinar da natureza humana o corretivo das desigualdades naturais que lhes pesam como opróbrio e injustiça.
Pertenço, julgo pertencer, aos que não perderam de todo a capacidade de amar e admirar. Conheço as minhas possibilidades, conheço também as minhas limitações. Não me magnifico daquelas, não me desespero destas. Não trago o fardo pesado de ódios e rancores. Já hoje, não sei de ninguém a quem não possa apertar fraternalmente a mão.
Viana Moog
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