Sunday, December 12, 2010


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu,
em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente.
O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma
intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente,
o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos.
E até que ponto posso controlá-los. [...]
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também tenho medo de tornar-me adulta demais:
eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto.
E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.
Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Clarice Lispector

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Sunday, December 12, 2010


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever?
Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu,
em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente.
O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma
intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente,
o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos.
E até que ponto posso controlá-los. [...]
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente?
Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta?
E também tenho medo de tornar-me adulta demais:
eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura.
Vou pensar no assunto.
E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso.
Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

Clarice Lispector

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