Deixa me ser a fogueira
A arder na tua lareira
Onde me vou aquecer.
Deixa-me ser a calcinha
Que anda sempre juntinha
Ao melhor do teu prazer.
Deixa-me ser a ternura
Que protege e que segura
Esse teu peito macio.
Deixa-me ser por favor
O teu sonho vibrador
Das tuas noites de cio.
Deixa-me ser teu escravo
Pontapeia-me no rabo
Nos teus momentos de fúria.
Deixa-me ser o cachorro
A quem tu pedes socorro
Nas noitadas de luxúria.
Deixa-me ser o vestido
Desse teu corpo despido
De tabus e de pudor.
Deixa-se ser a loucura
Que ainda anda à procura
Das tuas noites de amor.
Deixa-me ser o ladrão
Que rouba a cor do batom
Dos teus lábios maduros.
Deixa-me ser como um facho
Que deixa os lábios de baixo
Humedecidos e duros.
Deixa-me ser a calçada
Por onde a tua passada
Deixa no chão reflectida.
A sombra das tuas coxas
Que me deixa idéias roxas
Para pintar minha vida.
(Cândido)
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